João viajava pela floresta, conhecia muitas coisas novas e aprendia muito sobre o fervilhante meio em que vivia. Observou as temidas plantas de raízes estranguladoras que lentamente chegam ao solo e tomam os nutrientes que eram de outra planta, fazendo-a definhar. Viu a guerra que ocorre entre as plantas pela luz solar, cada uma usando seus mecanismos para alcançar o mais alto possível e receber a maior quantidade de luz. A família de pequenas briófitas viajou por algum tempo, até chegarem no “condomínio das águas”, onde se instalaram de forma definitiva.
-É aqui! –Exclamou o pai.
-Mas é realmente lindo! –observou a mãe.
-Espero que valha o meu sacrifício. –Lamentou João em tom pessimista.
Não existia muitos habitantes, além deles, apenas outras famílias de briófitas que haviam escutado o chamado da natureza. O cenário era lindo, uma cachoeira que fluía como uma artéria perfurada, derramando de seus fluidos avassaladores, muitas rochas, troncos caídos e por fim, uma boa sombra. A umidade que vinha da cachoeira era algo adorável, ao longe se via outras plantas que aproveitavam da morte de uma maior, usando a clareira deixada por ela, para crescer e se reproduzir de forma rápida. Tudo foi organizado e nós nos instalamos bem. Eu não sabia, mas logo depois desse dia, receberia uma visita que iria mudar o rumo da minha vida pacata.
Gabriel Felipe